terça-feira, 6 de novembro de 2012

Dia a dia lado a lado

   Faz dezoito dias que o conheci, mas parece que você sempre fez parte dos meus dias. Faz dezoito dias que não o vejo e parece que já faz tanto tempo. Há um tempo atrás, eu pensava que os dias estavam passando rápido demais. Mal o sol nascia e já era hora de me despedir dele e ir deitar minha cabeça no travesseiro para apressar sua volta. Mas os últimos dezoito dias demoraram um milênio para passar, tempo que fez meu coração se desmontar e se remontar para bater por você.
   Sinto que há, não sei em qual fio da vida, uma emenda que liga meu caminho ao seu. Sinto, não sei se com o coração ou com os pulmões, você entrar e sair da minha vida. O coração dispara, palpita, para, bate novamente e teimosas vezes por você, já meus pulmões não controlam minha respiração, e ofegante rastejo dentro de meus pensamentos e vontades, buscando o ar, soltar o ar, inspirar o ar novamente, só para garantir viver, só para garantir que em breve vou tornar a (vi)vê-lo.
   E você também sente todas essas mil loucuras e sonha, planeja, conta os dias para o dia do reencontro chegar logo. E tenta me esquecer um pouco só para não passar a impressão de que está muito interessado. Mas você está. Já nem consegue disfarçar no sorriso, no modo de se vestir, no jeito de andar. Sinto que nós dois fomos envolvidos pelo encanto da paixão e estamos em uma corda bamba à quinze metros de altura, qualquer vacilo pode ser fatal. Uma pisada em falso, um olhar distraído pode acabar com a magia alegre de se apaixonar.
   Mas, você e nem eu queremos isso. Queremos contar mais dezoito dias, mas que dessa vez sejam lado a lado. E você pode até enfim aceitar as pessoas o apontarem na rua só porque você anda a sorrir e a fazer planos. E você pode apontar o caminho que quer comigo, que eu nem vou querer saber do atalho.
   No fundo, eu quero mesmo é poder descartar essa saudade. Quero dezoito dias inteiros aos seu lado. Quero enjoar de jamais enjoar de estar com você. Quero um quarto com cimento nas portas e apenas uma janela virada para o sol, só para contar cada amanhecer com você e pela minha janela vai entrar toda luz que sempre esteve à nossa frente. E eu posso, às vezes, até fechar minha janela, só para perder a noção da hora, só para perder a noção dos dias e começar de novo a contar meus dezoito dias com você.
   Nem voz eu tenho mais para gritar por você, porque vivi a repetir nossa história aos quatro ventos e para toda gente. Sabe como essa gente é curiosa, querem saber de tudo, de todos os detalhes. E eu contava orgulhosa por estar me apaixonando ou já apaixonada talvez. E você precisava ver minha cara de boba ao falar daquele dia em que me pintei de vermelha de tão sem graça que fiquei por causa da sua presença e de suas palavras. O sorriso me rouba o rosto só de lembrar, só para levar meu rosto a você e garantir que nunca vai me esquecer.
   E não vai esquecer mesmo. Porque esse amor à primeira vista quer ser visto de novo e de novo e por todo o mundo, por todos os olhares. Quer ser amor a todas as vidas, a todos os tempos. Quer ser amor. Quer ser o meu amor correspondido e amado todas às vezes que eu o vir. E eu virei a amá-lo e viverei a desejá-lo só para fingir que é só para preservar a minha pose de moça desejada. Só para fingir que me contento com apenas dezoito dias com você, quando na verdade sempre estarei recontando os dias, sempre recontando os passos, para garantir que seus passos sempre andarão junto com os meus.

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