sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Menino de mentira

Estava pensando em falar a verdade para o amor. Talvez ele queira somente a verdade ou talvez eu deva esconder algumas coisas dele. Não precisa dizer que aquela barba falhada não é nada sexy e não o deixa nada atraente; ele gosta, deixa ele se sentir um pouco mais maduro, enquanto isso meu amor amadurece e aprende a aceitar e dividir meus gostos e os gostos dele. Ele também não precisa dizer que minhas unhas roídas me fazem parecer uma garotinha. Tudo o que uma mulher quer é ser mulher. Às vezes pode até ser bom ser um pouco Pinóquio, na verdade às vezes é bom não revelar tudo, pois quando se conhece demais algo, isto deixa de ser interessante e então o desejo de ver, sentir e ter acaba.

Meu coração se perdeu
no labirinto do seu amor
Hoje sou um corpo sem órgãos
sem veias, sem sangue, sem vida
Virei Pinóquio invertido
Um menino de mentira

De tanto falar a verdade
meu coração diminuiu
até se perder
E eu virei de madeira
mas mesmo assim
Eu amo você

Estou com medo de diminuir
e depois desaparecer
E sair deste mundo
que você desenhou
para a gente viver
E perder esse amor 
que um dia prometi a você

De tanto falar a verdade
meu coração diminuiu
até se perder
E eu virei de madeira
mas mesmo assim
Eu amo você

Não quero ser boneco
e não ter a vida ao seu lado
Quero que me salve dessa sina
Quero ser seu namorado
me traga de volta a vida
Vamos faça um pedido
A essa estrela que passa agora
porque pro nosso amor chegou a hora

 
De tanto falar a verdade
meu coração diminuiu
até se perder
E eu virei de madeira
mas mesmo assim
Eu amo você


 

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Um mês e meio, quase dois.

Quando escrevi esse poema, pensei que ele dispensasse qualquer tipo de introdução, porque na verdade ele vem carregado de uma introdução sobre o meu amor; ainda nascente, mas já tão grande, dominador e perturbador quanto qualquer outro. Mas depois que o coloquei na tela, no rascunho do blog, vi quanta coisa ainda falta nele, quanta lacuna a ser preenchida, quanto amor a ser amado. Mas é claro que ainda falta muita coisa! É um amor de um mês e meio, quase dois, falta tudo ainda. Hoje, por exemplo, falta você aqui do meu lado com todas as suas chatices e manhas. Mas já vivemos tanta coisa nesse pouco tempo, parece até que cada dia foi se estendendo em milhares de horas para se estenderem também nossos sorrisos. Resumo da obra, eu amo de novo e estou inteira apaixonada.

Não sei como a gente consegue
brigar num dia e no outro se amar
E a gente se ama mesmo
E as palavras se misturam
com suores e beijos
E você quer nos esconder dos outros
não quer que saibam de nós
Que saibam
que o nosso não amor daquela festa
Hoje é um grande amor!
Já faz um mês e meio, quase dois
que eu só te amo
que eu só te beijo
E eu nem queria me apaixonar
porque você às vezes é tão estranho
maluco e confuso
Às vezes você não me quer
Imagina só!
Mas me apaixonei porque
você é um mimado irritante
Mas você é de verdade.
Já faz um mês e meio, quase dois
E eu não me canso
de me empolgar com o seu amor
Nesse tempo descobri
que te amar é
esperar você ficar pronto para o amor
E eu estou aqui pronta
esperando realizar
as bobagens verdadeiras
que eu grito:
Eu te amo!
E ainda faz um mês e meio, quase dois.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Mais um dia comum

   Estava indo para a faculdade hoje como faço sempre. Peguei meu livro, um qualquer, que está sempre na minha bolsa para me aliviar em momentos em que me sinto sozinha.
   Entrei na van e com a fila que se formou atrás de mim, fui jogada para um banco do fundo. Livro no colo e os olhos desviavam vez ou outra. Sabe como é mulher né... Curiosa, repara em tudo e em todos o tempo todo. Numa dessas olhadas, vi um carinha da faculdade entrar. Distraído nos seus pensamentos e planejamentos não reparou em muita coisa à sua volta. Olhava para todos os lados tentando apressar o caminho da chegada ao seu ponto.
   No ponto seguinte, entra uma menina, também da faculdade. Com seu shortinho que tenta amenizar o calor e com sua blusa frente única que deixa à mostra as costas para todos olharem e desejarem, sentou-se ao lado dele e soltou os cabelos que estavam presos com os próprios cabelos.
   A cena foi digna de cinema americano. Fechei meu livro e não tirei mais os olhos daqueles movimentos vibrantes dos corpos que estavam à minha frente. Eu me senti integrada à alguns daqueles romances que tenho o costume de ler, nos quais o autor faz questão de contar detalhadamente uma cena tão simples que pelas palavras que a louvam, torna-se a top 5 das cenas mais desejadas.
   O carinha, que tentava apressar sua ida, ia aos poucos tentando retardar o tempo e o caminho para melhor conservar aquele momento. O vento forte, que entrava pela janela, jogava os longos cabelos claros dela sobre o ombro dele. E o olhar desviado para a janela via quanto aqueles cabelos se confundiam com os reflexos luminosos do sol. E o rapaz tentava sequestrar para si aqueles cabelos. Na esperança de sequestrar também os braços, as pernas, o sorriso e os sonhos e planos que aquele ser carregava. E eu até pude ver as cenas que se passavam na cabeça dele. Eu já estava lendo pensamentos, como se eu fosse o narrador onisciente daquele romance.
   E me aventurei em compor a história sem perceber que apenas eu reparara naquilo e que aqueles movimentos deles não passavam de frutos da minha imaginação. Talvez ele até estivesse incomodado com aqueles cabelos chicoteando seu ombro. Mas como eu resolvi criar essa história, a faço como achar que ela merece ser contada e eu deixei de ler minha antologia poética do Drummond para me ligar a esse romance . Então, ela vai continuar desse jeito.
   Alguns pontos mais a frente, todos descemos da van. Ela saiu na frente, ele atrás e eu era a última no caminho. Ela, abraçada aos livros, se desmanchava em sorrisos, enquanto o vento ainda apaixonado por ela sacudia seus cabelos. Ele ia atrás planejando como se aproximar, como tê-la novamente tão perto. Eu era uma detetive, seguia os dois atentamente.
   Alguns passos mais a frente, cada um seguiu um caminho e eu logo pensei que meu romance terminaria ali. Segui para meu almoço com a cabeça nos dois. Entre garfadas e goles, planejava como terminar meu romance. Parei de comer diversas vezes. Olhei para o chão, para o teto, para o ventilador girando, para o saleiro e olhei para frente. Descobri que eles pegaram caminhos distintos para me despistar, eles notaram que estavam sendo seguidos. Acho que não cou boa detetive! Fugiram de mim e mais a frente se encontraram de frente, em meio a sorrisos e declarações. Se beijaram e se desejaram naquele amor inventado.
   Terminei meu almoço. Peguei meu caderno, um que é cheio de flores, corações e chinelos na capa, e contei a história a meu modo. Pretendo publicar no blog ainda hoje, enquanto acho que a história vale a pena. Ah! Vou mandar o romance para ele, eu o conheço de  vista, mas vou ficar devendo a ela. Nunca a vi e nem lembro do rosto. Melhor, assim meu personagem principal pode completar a cena com quem ele achar melhor.