sábado, 2 de fevereiro de 2013

Separados por dois metros

Gosto de escrever sobre coisas atípicas que acontecem comigo, coisas normais mas que me dão muita vontade de falar sobre. A vontade mesmo talvez seja de vivenciar aquilo que roda sequenciado na minha cabeça.. Mas, não, não acontece, fica somente guardadinho nos meus pensamentos.

A primeira coisa que vi
foi seu rosto de bom moço
Atravessei a roleta
e para conservá-lo por perto
Sentei-me no banco ao lado do dele
O ônibus ainda vazio
E eu vez ou outra o olhava de lado
Mas ele nada
Talvez eu não fosse a primeira coisa
que ele viu
Os lugares foram sendo ocupados
e estava cada vez mais difícil 
enxergar meu garoto
E eu fazia acrobacias com meu corpo
para que meus olhos pudessem encontrá-lo
distraído
e para que eu pudesse fotografar seus gestos
Para não esquecer a cena de um amor distante
separado por tão pouco espaço
E aos poucos fui querendo ser a voz
que cantava em seus pensamentos
Queria ser o assento para que ele se jogasse em mim
Na verdade, neste momento me arrependi
de não ter sentado ao lado dele
Me arrependi de criar dois metros de distância
Do meu corpo e os olhos dele
Ele nem pôde me ver
E eu acho que vou até sonhar com ele hoje a noite
e torcer para ele virar rotina na minha vida
Bem próximos, dessa vez.

Nenhum comentário:

Postar um comentário